sábado, 3 de dezembro de 2011

Um dia você aprende

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

William Shakespeare

Gosto tanto desse texto que não sei como não tinha postado ele aqui ainda :O

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

(528)

Quanto tempo, quanta história. Passou do esperado e sinto-me surpresa por tudo isso. Justo comigo, tão prática, tão aquela que falava sem pensar nas consequências e que sempre lidou com isso tão bem. Foi aquela coisa que veio e me desestruturou. Na hora que eu não esperava e também nem queria. Deixei acontecer. Me perdi, pior, nos perdemos juntos. Tanto que estamos perdidos até hoje.

A velha história de “não era tua hora, não era minha vez”, frase que por si só me fez comprar o livro, entendi na prática o seu significado. Não adianta lutar contra, quando vem não importa o que tem pela frente, vem fundo, rápido, intenso. Não dá tempo de pensar, raciocinar, decidir. Nos deixamos levar.  Só sei que lidamos com isso da melhor maneira que soubemos: cada um do seu jeito. Tão diferente, a propósito. Um erro de cálculo. Não era exato, nem nunca vai ser. Foi uma necessidade estranha, uma reciprocidade nunca vista, talvez já nos conhecêssemos mesmo, quem sabe, em outro lugar, outra vida, será?

Incompreensível. Tanto desencontro, desvio de olhar, medo. Orgulho, atos inconsequentes, mágoa. Falta de maturidade. Insegurança ao extremo, histórias mal contadas, um dedo de outras pessoas no meio de tudo. Diz-se uma coisa, entende-se outra. Já não falávamos mais a mesma língua. “Vou ficar longe, não vou responder, não vou mais falar”, como coisa que adiantasse. Quem nos visse sabia de tudo, sem ninguém precisar falar nada. Mudança de plano: acho que podemos ser amigos, afinal não ter dado certo não é um motivo pra gente se afastar tanto. Engano: amizade só de um lado, não existe.

Um eterno “e se” ficou na retórica toda. E eu sabia que o dia de hoje chegaria. Invariavelmente, sempre soube. Me faltava a precisão, talvez um pouco mais de coragem e desapego. Agora não mais. Sempre segui em frente, conheci pessoas novas, mas a vida de algum jeito conseguia me levar até você novamente, coisas que tu nem imagina aconteceram. Por quê? Bom, agora a resposta já não é mais procurada. Vou aceitar como uma casualidade, mesmo que eu não acredite nessas coisas. Tu entrou na minha vida na hora certa, quando deveria, me devolveu a confiança nos outros – mesmo que tu tenha sido o personagem dessa história e isso não se estenda a todas as outras pessoas do mundo – mas, de repente era isso. Só isso. E, garanto que já foi muita coisa, pode crer.

Meu papel na tua vida? Não sei, não sou eu quem deveria dizer. Você cauteloso, pensa nas consequências do que faz e fala. Eu, impulsiva, intensa, muitas vezes falo sem pensar, quero as coisas pra ontem, tenho ideias loucas e pior, faço o que pensei. Ambos se preocupam com o futuro, levam os estudos a sério, gostam das coisas bem feitas, algo em comum. Eu que não aceitava ajuda de ninguém pra nada, me vi pedindo isso pra ti, confiando em ti. Eu deixei meus muros caírem, aprendi a querer tentar, tu continuou como eu era antes disso, pensando “melhor não”, com medo de me e de se magoar. E isso nunca mudou, em nenhum dos lados. Eu querendo conversar, tu evitando. Contando alguma coisa e não sendo respondida. Mostrando minha indignação perante fatos ocorridos, e nada, nada de resposta. Deixou claríssimo, ou ao menos tentou - e conseguiu, devo te dizer - que não se importava com nada disso nem com o que eu falava.


Aceitei. Ninguém é obrigado a gostar nem a se importar com ninguém, sempre achei isso. Também ignorei muita coisa, muitas pessoas, até antes de te conhecer eu costumava agir como tu, então não posso julgar. Mas, sempre chega um momento que a gente tem que decidir não é? Ou se dá um passo pra frente, ou vira as costas e vai embora. Chegou. Já dei muitos passos e não me arrependo de nenhum. Já fiz tudo que achava que deveria ser feito e todas essas coisas me deixaram feliz, muito! Já falei tudo, tudo, tudo que eu queria até o momento – tanto que até rendeu um livro – nem as coisas ruins ficaram de fora e tu sabe disso melhor do que eu.  Levo o que aprendi contigo na certeza que isso me fez bem. E só. Escrevo isso sentindo o coração bater da mesma maneira de quando estava ao teu lado, dividindo a cama contigo, abraçada em ti, pensando em coisas que até hoje lembro. Então, agora é a hora de mudar. Acreditar que se um dia for pra gente se encontrar, a gente se encontra, se for pra ser, vai ser e deu, como sempre costumei pensar. Deixar pra lá, não me importar mais. Talvez até não seja virar as costas e ir embora, isso soa dramático demais, sempre vou querer o teu bem, mesmo longe, talvez seja só deixar tudo assim, mas não mais com reticências, que esperam algo e sim com um ponto final.



Dayane Muhammad



Ao som de Detonautas: 
"eu nunca desisti, não me entreguei, não me deixei levar...
hoje eu acordei com uma vontade enorme de olhar no fundo dos seus olhos...
às vezes eu perco a razão
é que eu não reparei quando você me protegia em silêncio" 
É, fugi do amor com medo de perder minha liberdade. Ou com medo de perceber que ter um relacionamento não traz garantia nenhuma de felicidade. (Adeus sonhos de adolescente!).
Agora, eu vejo que viver o amor nada mais é do que conhecer a si mesmo profundamente e entender quem a gente é. E o que nos faz bem. Portanto, antes de colocar a culpa da sua vida amorosa no outro. No destino. Em algum karma. Ou em qualquer lugar fora de você, pense bem.. Nós encontramos fora o que – na verdade – mora aqui dentro

Fernanda Mello

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pelo menos alguma coisa eu devo ter feito certo, mesmo.



Porque tenho certeza que você vai lembrar de mim, ainda que 




não queira.



Caio Fernando de Abreu.
Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa.

Tati Bernardi

sábado, 29 de outubro de 2011

Eles se amam. Todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.


Tati Bernardi

domingo, 23 de outubro de 2011






Mas não te procuro mais, nem corro atrás. Deixo-te livre para

sentir minha falta, se é que eu faço falta... Tens meu número, 

na verdade, meu coração, então se sentir vontade de falar 

comigo ou me ver, me procura você.




Caio Fernando Abreu

domingo, 16 de outubro de 2011

Amores de uma vida


E então, de todas as fases da vida, de todas as perguntas, dúvidas, afirmações e confusões eu ainda não entendi, amor de verdade..é só uma vez na vida? Preciso confessar, anos atras quando me falaram isso eu bati o pé e afirmei com clareza, NÃO! E hoje eu volto com o pé e começo a entender que de verdade mesmo, só uma vez. 

Sim, eu sei que a gente vai amar várias pessoas, afinal, são tantas que passam pela nossa vida, aí então vem a resposta correta: existem vários tipos de amor, mas aquele..que cada um sabe que pensa, que dói, que dá borboletas no estômago, esse é só uma vez!
Existem o amor amigo, tão natural, seguro e fácil...conhece cada olhar seu, tuas manias e defeitos, e mesmo assim te ama. Mas te faz tão bem que você deixa ele ir ficando...
Existe o amor carnal,e esse a gente sabe bem como funciona, te provoca amor e ódio, mas quando a pele se encontra, pronto, a gente só ama. Mas te faz sentir e provoca em você coisas tão surreais que você deixa ele ir ficando...
Existe o amor companheiro,e esse sim deveria ser o final feliz dos contos de fadas, é parceiro para tudo, te apóia, incentiva, entende teus dias bons e compartilha os ruins. Tem aquele ciúmes que é digno de um sexo de reconciliação, adora sair com os amigos e respeita muito bem teu espaço.Vai na casa da sogra, cozinha, brinca com teus priminhos e é o querido das tias. Compartilha contigo o dia dele e conta porque ele tem certeza que você vai entender, quer casar, viajar, ter filhos... Ele é o cara para se envelhecer, até que um dia você fica sem problemas, sem borboletas no estômago e começa a se perguntar: cade a emoção? Então você deixa ou não ele ir ficando...
E existe o ''amor de verdade mesmo'', esse sim é um pacote! Não importa o tempo, é aquele alguém que surgiu do nada e quando você viu já tinha entrada na tua vida, na tua casa e no teu coração. Ele te faz bem, te faz mal e voce continua com ele porque te provoca todas as coisas que voce quer sentir. Lógico, provoca muito do teu lado ruim, afinal, você se importa tanto com ele que fica chata, insegura, ciumenta, grudenta... mas a gente nem percebe. Com ele voce viveu coisas maravilhosas, fez coisas que achou que nao iria fazer por ninguém, mudou e acrescentou muito! Mas no fim, talvez não tenha dado certo, e então você aprende que a palavra respeito vem antes de amor, e que companheirismo e amizade que vão sustentar as bodas de ouro. Você se recupera, entende que precisa se afastar, entende que você nunca mais vai sentir o que sentiu por ele, que vai se permitir conhecer outros amores, mas toda vez que for se deitar é nele que vai pensar!

Alice Aguiar



Negriiinha! Amei teu texto! Então taí pra todo mundo ler também!! Amo você!!!

sábado, 15 de outubro de 2011

Alguém especial: É isso que você quer – ou um monte de gente basta?



“Ficar com muita gente é fácil”, diz um amigo meu, com pouco mais de 25 anos. “Difícil é achar alguém especial”.
Faz algum tempo que tivemos essa conversa. Ele tentava me explicar por que, em meio a tantas garotas bonitas, a tantas baladas e viagens, ele não se decidia a namorar.
Ele não disse que estava sobrando mulher. Não disse que seria um desperdício escolher apenas uma. Não falou em aproveitar a juventude ou o momento e nem alegou que teria dificuldade em escolher. Disse apenas que é difícil achar alguém especial.
Na hora, parado com ele na porta do elevador, aquilo me pareceu apenas uma desculpa para quem, afinal, está curtindo a abundância. Foi depois que eu vim a pensar que existe mesmo gente especial, e que é difícil topar com uma delas.
Claro, o mundo está cheio de gente bonita. Também há pessoas disponíveis para quase tudo, de sexo a asa delta. Para encontrar gente animada, basta ir ao bar, descobrir a balada, chegar na festa quando estiver bombando. Se você não for muito feio ou muito chato, vai se dar bem. Se você for jovem e bonita, vai ter possibilidade de escolher. Pode-se viver assim por muito tempo, experimentando, trocando de gente sem muita dor e quase sem culpa, descobrindo prazeres e sensações que, no passado, estariam proibidos, especialmente às mulheres.
Mas talvez isso tudo não seja suficiente.  
Talvez seja preciso, para sentir-se realmente vivo, um tipo de sensação que não se obtém apenas trocando de parceiro ou de parceira toda semana. Talvez seja preciso, depois de algum tempo na farra, ficar apaixonado. Na verdade, ficar apaixonado pode ser aquilo que nós procuramos o tempo inteiromas isso, diria o meu jovem amigo, exige alguém especial.
Desde que ele usou essa fatídica expressão, eu fiquei pensando, mesmo contra a minha vontade, sobre o que seria alguém especial, e ainda não encontrei uma resposta satisfatória. Provavelmente porque ela não existe.
Você certamente já passou pela sensação engraçada de ouvir um amigo explicando, incansavelmente, por que aquela garota por quem ele está apaixonado é a mulher mais linda e mais encantadora do mundo – sem que você perceba, nela, nada de especial. OK, a garota é bonitinha. OK, o sotaque dela é charmoso. Mas, quem ouvisse ele falando, acharia que está namorando a irmã gêmea da Mila Kunis. Para ele ela é única e quase sobrenatural, e isso basta.
Disso se deduz, eu acho, que a pessoa especial é aquela que nos faz sentir especial.
Tenho uma amiga que anda apaixonada por um sujeito que eu, com a melhor boa vontade, só consigo achar um coxinha. Mas o tal rapaz, que parece que nasceu no cartório, faz com que ela se sinta a mulher mais sensual e mais arrebatada do planeta. É uma química aparentemente inexplicável entre um furacão e um copo de água mineral sem gás, mas que parece funcionar maravilhosamente. Ela, linda e selvagem como um puma da montanha, escolheu o cara que toma banho engravatado, entre tantos outros que se ofereciam, por que ele a faz sentir-se de um modo que ninguém mais faz. E isso basta.
É preciso admitir que há gente que parece especial para todo mundo. Não estou falando de atores e atrizes ou qualquer dessas celebridades que colonizam as nossas fantasias sexuais como cupins. Falo de gente normal extremamente sedutora. Isso existe, entre homens e entre mulheres. São aquelas pessoas com quem todo mundo quer ficar. Aquelas por quem um número desproporcional de seres humanos é apaixonado. Essas pessoas existem, estão em toda parte, circulam entre nós provocando suspiros e viradas de pescoço, mas não acho que sejam a resposta aos desejos de cada um de nós. Claro, todo mundo quer uma chance de ficar com uma pessoa dessas. Mas, quando acontece, não é exatamente aquilo que se imaginava. Você pode descobrir que a pessoa que todo mundo acha especial não é especial para você.
Da minha parte, tendo pensado um pouco, acho que a pessoa especial é aquele que enche a minha vida. Ela é a resposta às minhas ansiedades. Ela me dá aquilo que eu nem sei que eu preciso às vezes é paz, outras vezes confusão. Eu tenho certeza que ela é linda por que não consigo deixar de olhá-la. Tenho certeza que é a pessoa mais sensual do mundo, uma vez que eu não consigo tirar as mãos dela. Certamente é brilhante, já que ela fala e eu babo. E, claro, a mulher mais engraçada do mundo, pois me faz rir o tempo inteiro. Tem também um senso de humor inteligentíssimo, visto que adora as minhas piadas. Com ela eu viajo, durmo, como, transo e até brigo bem. Ela extrai o melhor e o pior de mim, faz com que eu me sinta inteiro.
Deve ser isso que o meu amigo tinha em mente quando se referia a alguém especial. Se for isso vale a pena. As pessoas que passam na nossa vida são importantes, mas, de vez em quando, alguém tem de cavar um buraco bem fundo e ficar. Essas são especiais e não são fáceis de achar.  

Ivan Martins

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu gosto de quem facilita as coisas. De quem aponta caminhos ao invés de propor 

emboscadas. Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis 

sem exigir que você decifre nada. O que me faz feliz é leve e, mesmo que o tempo leve, continua 

dentro de mim. Porque por mais que os obstáculos nos desafiem o que realmente permanece, 

costuma vir de quem não tem medo de ficar.


desconheço a autoria

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Você tem que encontrar o que você ama

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.


A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro." Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquiloEu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois. 
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.


Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale do Silício. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar.

Não sossegue.Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último." Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:"Continue com fome, continue bobo."
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.

Steve Jobs


Nos restou  a sua sabedoria e a certeza de uma vida bem vivida.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras e desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida mas infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser.
Nó aperta, laço enfeita… Simples assim.

Silvana Duboc
Nem tudo que acaba tem final.

Nxzero

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Você não me odeia.  Você odeia me amar.

desconheço a autoria

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ele só não te quer

Senta aqui, deixa eu te falar uma coisa. Ele que some por dias, corre atrás só quando te vê caminhar pra longe, desmarca programas em cima da hora, é sucinto quanto à própria vida e mais superficial que piscina infatil. Esse mesmo que você tanto fala, e todo dia vem com alguma nova furada tentando desesperadamente consertar pra ter em troca um pouquinho de amor marejado. É, ele só não te quer. Simples. Pior de tudo, que nem culpado pode ser. Talvez sim, por não ser honesto logo de cara. Contudo, bem sabemos o quanto a covardia já é item de fábrica em praticamente todo ser bicho homem, e por isso, a prolongação de situações tediosas, insuportáveis e para nós, torturantes. Não é porque terminou um namoro agora, ou nunca teve simplesmente um relacionamento decente. Nem porque é novo, ou anda trabalhando demais, ou ainda, a faculdade exige muito. Pra cada alternativa que você cria, uma desculpa. Chegar a esse ponto obscuro de perder qualquer amor próprio na busca de se achar num sentimento que o outro nem chegou a cogitar existir. Larga esse telefone, apaga o número desse panaca, não espera mensagem nenhuma porque na verdade, o que ele quer é ter em quem afogar a pressão final da noite (ou o próprio ganso), de quem não conseguiu algo na festa, e tenta tentando a agenda-geladeira onde congela quem desperta interesses específios e minúsculos, diante as possibilidades de amor de amor decente tão sonhadas.

Você, que quer tanto ter com quem dormir - e que isso não se resuma a um programa especificamente sexual. Mas sim de braço masculino envolto em cintura feminina, duas respirações próximas, pé com pé. Você, que aceita ir pra casa do sujeito que mal deu um beijo na boca e se culpa o dia inteiro seguinte, sabendo que juntamente com sua dignidade e o caráter do cara, suas chances de algo que desenrole tenham caído drasticamente. Você, que cumprimenta ele que vira a cara de tanta vergonha. Você, que liga bêbada no meio da madrugada com aquele punhado de esperança embutido na voz alcoolizada. Você que intima, sufoca, stalkeia e cola no pobre coitado: dá um tempo. Se foque em si. Nutra aquele amor que desde cedo mamãe e papai plantaram e ensinaram que, é importante, sim. É olhando muito pro próprio umbigo que a gente chama atenção em se concentrar tanto sendo nosso centro do mundo que acabamos chamando atenção que puxa, ela se cuida. Melhor: se gosta. O único amor livre de qualquer traição, infelizmente, é o próprio. Tá pra nascer quem prefira o outro a si mesmo, depois de descobrir a maneira boa e sadia de se automimar.

Por isso é que digo: desencane, que uma hora aparece. Não aquele seu tipo cafajeste e sem um pingo de índole, mas um cara bacana que de repente assim, aos pouquinhos, vai tomando espaço e te dando possibilidade de surpresas, estômagos compressos e pernas agitadas. Sem expectativas, deixando toda e qualquer possível irrealidade, imaginação fértil longe do terreno dos pés no chão. Agora, se não é você quem ele quer, caia fora. Vença a insistência interna em achar que, só porque você está ali a todo o momento e fazendo certa pressão, ceder é a única escapatória do sujeito. Há ainda os modos 'ignorar' e 'partir pra ignorância' - o que não se baseia em violência física, mas na irritação tão suprema que chega a ponto de deixar a razão de lado e as palavras soltas, ferinas na sua direção. Se passaram três dias, e o sumiço do moço se fizer uma constante, se você é deixada falando sozinha com frequência, se quem apenas se preocupa e sente esse caos que se tornou a situação toda também é você, se livre. Vá para uma academia, faça compras, se foque no trabalho, saia com as amigas, adote um animal. Tudo, menos descentralizar da sua vida, desse momento tão presente que se inaproveitado passará em branco enquanto você, tentando o impossível, mirou em quem não se deixa atingir tão fácil, não por você.

Chega de desilusão e contos de fada, de cegar à si mesma e não escutar quem tanto tenta alertar quanto aos perigos de um comportamento assim, tão irracional e errôneo. Corações pulsam mesmo, mas será que não dão defeito assim, despertando a qualquer toque que pode na verdade ter sido um esbarrão, um desencontro, um mero engano. Ferrenha seja a boa vontade em desconfiar no começo e se entregar, apenas quando o jogo estiver aberto e os sentimentos, simbióticos. Que amor mesmo, a gente não persegue: se dá conta assim, como quem não quer nada, mas deseja lá no fundo muito que pode mesmo ser. E se beija, e se quer, e sente falta mesmo tendo passado apenas meia-hora longe. E liga. Responde. Procura. Tanto de um lado, quanto de outro, o lucro - que ao invés de líquido, é sentimental - vem em dobro e em forma de sorrisos apaixonados e cafuné na cabeça.
Camila Paier

Tá dito e eu concordo taaanto ctg Camila!

sábado, 17 de setembro de 2011

A bela e o burro

Ontem depois que você foi embora confesso que fiquei triste como sempre.

Mas, pela primeira vez, triste por você. Fico me perguntando que outra mulher ouviria os maiores absurdos como você, um homem de 32 anos, planejar ir a uma matinê brega com gente sem assunto no próximo domingo e, ainda assim, não deixar de olhar pra você e ver um homem maravilhoso.

Que outra mulher te veria além da sua casca? Você não entende que eu baixei a música do “Midnight Cowboy” e umas boas do Talking Heads, Vinícius de Morais e do Smiths porque achei divertido te fazer uma massa ouvindo algumas músicas que dão vontade de viver. Uma massa que você não vai comer porque está perdendo o paladar para o que a vida tem de verdadeiro e bom. É tanta comida estragada, plastificada e sem sal, que você está perdendo o paladar para mulheres como eu. E você não sabe como vale a pena gostar de alguém e acordar na casa dessa pessoa e tomar suco de manga lendo notícias malucas no jornal como o cara que acha que é vampiro. Tudo sem vírgula mesmo e, nem por isso, desequilibrado ou antes da hora.

Você não sabe como isso é infinitamente melhor do que acordar com essa ressaca de coisas erradas e vazias. Ou sozinho e desesperado pra que algum amigo reafirme que o seu dia valerá a pena. Ou com alguma garotinha boba que vai namorar sua casca. A casca que você também odeia e usa justamente para testar as pessoas “quem gostar de mim não serve pra mim”.

E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com a praia do Espelho e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida.

E você me olha com essa carinha banal de “me espera só mais um pouquinho”. Querendo me congelar enquanto você confere pela centésima vez se não tem mesmo nenhuma mulher melhor do que eu. E sempre volta. Volta porque pode até ter uma coxa mais dura. Pode até ter uma conta bancária mais recheada. Pode até ter alguma descolada que te deixe instigado. Mas não tem nenhuma melhor do que eu. Não tem.

Porque, quando você está com medo da vida, é na minha mania de rir de tudo que você encontra forças. E, quando você está rindo de tudo, é na minha neurose que encontra um pouco de chão. E, quando precisa se sentir especial e amado, é pra mim que você liga. E, quando está longe de casa gosta de ouvir minha voz pra se sentir perto de você. E, quando pensa em alguém em algum momento de solidão, seja para chorar ou para ter algum pensamento mais safado, é em mim que você pensa. Eu sei de tudo. E eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo. Mas chega disso.

Caiu finalmente a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procura. E do quanto a sua felicidade sem mim deve ser pouca pra você viver reafirmando o quanto é feliz sem mim e principalmente viver reafirmando isso pra mim. Sabe o quê? Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas: assunto. Bastante assunto.

Eu não faço desfile de moda todos os segundos do meu dia porque me acho bonita sem precisar de chapinha, salto alto e peito de pomba. Eu tenho pena das mulheres que correm o tempo todo atrás de se tornarem a melhor fruta de uma feira. Pra depois serem apalpadas e terem seus bagaços cuspidos.

Também sou convidada para essas festinhas com gente “wanna be” que você adora. Mas eu já sou alguém e não preciso mais querer ser. E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.



Tati Bernardi

ai ai ai, que lindo texto! 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Saudade saudade saudade saudade saudade saudade saudade. Sete vezes, pra ver se espanta ou transforma; leva pra longe, ou traz pra perto.
C.P.

Que ainda não passou

Está aqui. Dentro, fundo e meio escondido, mas firme. Forte não, que por um fio se equilibra tudo isso há muito tempo. Mas fio esse, que talvez seja de cobre, ouro, metais nobres. Um fio que segura, e por onde a equilibrista dentro de mim se aventura. Mesmo você não sendo bêbado, e estando longe disso, é claro.
 
Descobri apenas à pouco, enquanto me esforçava em fazer careta ao ouvir teu nome, gritar pro mundo que você não existe mais na minha felicidade, concordar na sua idiotice calhorda e dançar loucamente à noite. Beijar aparentes príncipes, que não tinham nem de longe a tua malandragem, e eloquência de sapo magnífico. Ajudei no que pude, compreendi emoções, tentei calar a minha boca grande, viver intensamente. Fiz tudo o que me coube, para me livrar do sentimento nostálgico que é curar de vez esse vazio dolorido que me afinca o peito. Sanei tantas dúvidas, curei algumas questões incompreendidas, para esquecer aquilo que me inquietava por dentro. Cuidei dos outros, e me joguei num canto. E no final das contas, eu quem deveria encabeçar a minha lista em primeiro lugar, tirar todo e qualquer resquício seu, daqui. De mim.
 
Uma semana, e dois primeiros encontros. Saldo final? Nada que tenha me feito vibrar. Ou, pensar em substituir lembranças das nossas conversas sem fim, de algumas piadas internas, e o encaixe perfeito dos teus braços, sob a minha cintura. Não é tentando substituir que se esquece: só se lembra ainda mais. Em cada erro do outro, cada gafe, só se recorda mais e mais do quanto não era assim antes, com outro alguém. E isso dói. Comparar pessoas é mais ou menos como qualquer necessidade fisiológica: não é bonito, mas é inevitável. Não se pode fugir. Ainda não sei onde procurar alguém com o mesmo sorriso leve, e a maneira única de me olhar de frente, encarar com vontade. Eu tento, eu quase consegui, mas ao me colocar novamente em companhia-masculina-possível, titubeio. Vejo o banner do nosso filme, já na locadora, e quero morrer. Ouço a música que cantávamos juntos, animados e em descontração, e êxito. Quase choro. E me faço brusca, fugitiva, e desinteressada: não dá. Se paro para refletir, me torno quieta - o que é raríssimo. Mesmo não sabendo o que fazer com tudo aqui dentro, que depois de tanto tempo, e muitos dias ainda me incomoda, tira meu sono, e rasga minha paz, sou quase uma prisioneira: me tranquei nesse beco sem saída, nessa cela obscura, e é como se tivesse engolido a chave, sem volta. Precipitei situações, e te fiz ir longe; te vi ir indo, e perdi. Talvez pra sempre, quem sabe nunca mais. E todos me dizem que não valia a pena, que não vale e muito menos, valeria. Me pergunto íntima e por dentro, quando é que isso vai passar, que me aparecerá alguém à altura, que eu me pegarei apaixonada e feliz, como já fui? Rezo, e culpo alguns santos. Peço encarecidamente que Deus veja toda essa injustiça, e cubra o mundo com o que acredito. Com amor decente, e pra quem dá amor - o certo, o que nos ensinam na catequese e o que nos é educado em casa, não é exatamente isso? Dê amor, e receberás de volta. Só ainda não encontrei motivos para acreditar piamente em tal afirmação. Nenhum, muito menos dois.
 
Não quero companhia, essa dor é apenas minha, e não há o que cure (a não ser, você mesmo). Sendo que está longe, e impossível. Sem preço a pagar, e muito o que fazer, me fecho novamente na minha colcha lilás, e sob a luz apagada. Dispenso caridade, tenho nojo. Nunca fui coitada, e mesmo na minha maneira Pollyanna em ver o mundo, aprontei das minhas. E por mais que provoque desejos alheios, que me sinta a rainha da noite, e que aproveite o máximo que posso, quando quieta e pensativa, sou apenas despedaçada. Me falta algo, e talvez seja minha felicidade real, meu sorriso sincero, ou quem sabe, o que por um bom tempo causou toda essa minha onda feliz e pacífica: você.
 
Tomada por uma saudade enorme, e um sonho ruim, disco os números que alguma vez já decorei, esqueci e apaguei. Ouço sua voz inesquecível, coração que palpita, ansiedade que toma conta. Sem muito o que fazer, e tanta coisa a dizer, desligo. Saciada, medrosa e levada; vivendo, e fazendo acontecer. E mesmo assim, sentindo enormemente a falta nobre que é estar sem a sua presença ilustre. Porque não há faculdade federal, carro importado ou paixão por mim que compre ou derrube o território que conquistaste em mim. Ainda aqui, quem manda no pedaço, e comanda ruas, movimentações e greves, é o senhor. Pode ter certeza, excelentíssimo.


Camila Paier

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Por trás de toda indiferença existe alguém que já se importou demais.

desconheço a autoria

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.

Tati Bernardi

Só agora

Baby
Tanto a aprender
Meu colo alimenta a você e a mim
Deixa eu mimar você, adorar você
Agora, só agora
Por que um dia eu sei
Vou ter que deixá-lo ir!
Sabe, serei seu lar se quiser
Sem pressa, do jeito que tem que ser
Que mais posso fazer?
Só te olhar dormir
Agora, só agora
Correndo pelo campo
Antes de deixá-lo ir!
Muda a estação
Necessário e são
Você a florecer
Calmamente, lindamente...
Mesmo quando eu não mais estiver
Lembre que me ouviu dizer
O quanto me importei e o que eu senti

Agora, só agora
Talvez você perceba
Que eu nunca vou deixá-lo ir!
Que eu nunca vou deixá-lo ir!
Eu não vou deixá-lo ir!

Pitty

sábado, 3 de setembro de 2011

Ah mas tem

Estranho nós dois ocupando o mesmo recinto. Os dois corpos perto e não. Se vendo e não querendo se olhar. Evitando. Desviando. Até disso eu desconfio. Se eu não importasse tanto pra ti, tu me encararia sem medo. Agiria normal, conversaria o que quer que fosse, mas ideias seriam trocadas por nós.

Mas não. E, justamente por tudo isso, por agir tão igual a mim, sei que aí tem. Tem confusão de sentimentos, já tão homogêneos que nada mais consegue separar. Difícil diferenciar e entender o que se sente. Quanta turbulência me causa tua simples presença. E te olho e revivo em mente muitas coisas. Sempre. Improvável que eu não lembrasse das nossas conversas, de tanta afinidade e ainda não sentisse um carinho que logo, instantes depois, se mistura com uma vontade de te mandar pra bem longe de mim, mas, penso, já que está tão perto, porque não chegar mais perto ainda? A mesma inconstância de sempre.

Medo. Cautela? Pra mim, covardia. Assim costumo pensar daquele que não se permite viver o que quer no momento por medo do depois. Medo de sofrer? Sinceramente, a vida não dá garantia nenhuma à ninguém, nem a mim, nem a ti, meu caro. Estamos no mesmo barco, então, deixa fluir. Não se negue, não me negue. Não pode teus desejos que tentam se disfarçar das maneira mais estúpidas possíveis. Não está mais funcionando.

Eu me rendo, mesmo depois de tanto tempo.Já tô até rindo dessa situação. Dessa mania da vida me levar pra caminhos tão diferentes e depois, num dia qualquer, numa ocasião improvável, me dar de presente a tua presença, quando pra mim tu não passava de uma ausência. Engraçado é você me olhar de canto de olho, fingindo que não se importa comigo ali, tão perto de ti. Engraçado é eu perceber isso e fingir que não  vejo.

Dayane Muhammad