sábado, 30 de abril de 2011

Cansei de quem gosta como se gostar fosse mais uma ferramenta de marketing. Gostar aos poucos, gostar analisando, gostar duas vezes por semana, gostar até as duas e dezoito. Cansei de gente que gosta como pensa que é certo gostar. Gostar é essa besta desenfreada mesmo. E não tem pensar. E arrepia o corpo inteiro, mas você não sabe se é defesa para recuar ou atacar. E eu gosto de você porque gostar não faz sentido.

Permita-se. Se você acha que no fundo mesmo, apesar de todas essas reuniões e palavras em inglês que só querem dizer que você não sabe o que está falando, o que importa é ter pra quem mostrar que saiu o arco-íris. Permita-se. Porque eu não quero que você tenha essa pressa ao ponto de ajudar com as próprias mãos. Eu quero que você sinta esse prazer que chega aos poucos. E mata tudo que há em volta. E explode os relógios. E chega aos poucos ainda que você ainda não saiba nem quem é pouco e nem quem é lento. Porque você morre. Se você prefere a vida quando se morre um pouco por alguém. permita-se.
Eu não faço a menor idéia de como esperar você me querer. porque se eu esperar, talvez eu não te queira mais.

Eu não queria ir embora e esperar o dia seguinte. porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo. se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enrroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum aquilibrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se.

T.B.
Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração.

C.F.
- Vamos nos encontrar? 
- Já nos encontramos. Inclusive, já nos perdemos.

C.F.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aos caminhos, entrego o nosso encontro.


C.F.
Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

C.F.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A fita métrica do amor

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

M.M.
O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 14 de abril de 2011

No fim, não teve importância que você não pudesse fechar sua mente. Foi o seu coração que o salvou. 

H. P.
Mesmo que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. 

C.F.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O dia de ontem


Mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário optar entre mim e ela, e que optarias por ela, por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito; mas teu. E que optarias por ficar comigo porque a minha loucura te encantaria e te distrairia, embora precisasse te agitar e negar e ouvir e sobretudo compreender novamente tudo todos os dias. E disseste que optavas por mim. Eu já sabia. Por isso não te disse que comigo seria mais difícil do que com ela.

Nem era preciso dizer que não era preciso dizer: eu era teu lado esquerdo e tu eras o meu lado direito: nos encontrávamos todas as noites no espaço exíguo de nosso quarto.
[...] então ela chegou e pediste que ficasse perto, e senti medo e ciúme e de repente achei que optarias por ela, que te divertia e te mostrava as manchas roxas de chupadas pelo corpo e eu ria também porque te queria rindo e porque também gostava dela apesar da dureza de seus maxilares de pedra; gostava dela porque as vezes era criança e principalmente porque agora te fazia afastar a cabeça do travesseiro para observar nossos movimentos centrados de quem começa a decolagem. Decolamos em breve, nós três no meu planeta, vocês duas no teu.
Tive vontade de dizer da minha suspeita, porque me sabias assim desde sempre sabendo anteriormente do que ainda não se fizeram. Assustavam-me essas certezas súbitas, tão súbitas que eu nada podia fazer senão aceitá-las, como todas as outras.
[...] eu ficava sozinho no nosso quarto, e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar... 

(fragmentos) C.F.
Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão - escudo.

C.F.

Amar dois

Você ama João. E ama Jorge. E acha que está ficando louca. 

Amenize este diagnóstico. É possível – e nem tão raro assim – amar duas pessoas ao mesmo tempo. 
Este "ao mesmo tempo" lhe dói, não lhe parece coisa de gente séria, mas lembre-se: você ama de maneiras diferentes. Ninguém possui o poder de saciar 100% outra pessoa. Nesses vácuos é que nascem outro amores. 

Você ama João e sua ternura, ama João e seu poder tranquilizante, ama João e a segurança que ele lhe dá, ama João em baixa velocidade, ama João a passeio, apreciando a vista. 

Jorge, ao contrário, é mais agitado, desperta em você ansiedade e adolescência, você ama o que Jorge faz com você, e do jeito que faz: com pegada, sedutoramente. 

Você ama o que João tem de paz e o que Jorge tem de visceral, você ama o que cada um deles lhe completa. O normal seria isso, amarmos mais de um para alcançarmos integralmente a nós mesmos, mas a regra é clara: não mesmo. Se vire com um só. 

E a gente obedece, reza, livrai-nos de todo mal, ó Pai. Escolhe um, o ama, mas sente falta de si mesmo, de desenvolver um outro lado que este amor único não atinge. Separa, casa de novo, agora é outro amor, ama, e ainda não se sente totalmente preenchida. Um dia acontece: dois amores. Um mais constante, outro de vez em quando. Um amor adulto, outro divertido. Um amor de infância; o outro, de aventura. 

Tudo isso existe, persiste, insiste em acontecer. Tudo por baixo dos panos, tudo velado, mentido, confessado apenas nos consultórios de analistas e nas mesas de bar, entre amigos de muita confiança. Será que algum dia poderemos falar disso abertamente, em voz alta, fora dos livros, do cinema, na vida cotidiana da gente? 

Enquanto ninguém se atreve, mulheres e homens que atravessaram a fronteira da monogamia seguem felizes da vida – e infelizes da vida. 

M.M.
Bobo é quem pensa estar enganando.
Esperto é aquele que finge ser enganado.

M.M.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quando você achou que eu não estava olhando –
eu olhei…
E quero dizer obrigada
Por tudo aquilo que fez
Quando você achou que eu não estava olhando

P.C.

Ainda


“Foram tantas brincadeiras, tantas conversas, tantas risadas... E olhe agora. Nem conversamos mais”. É. Li essa frase e me veio tanta coisa na cabeça. Quanta gente perde alguém assim na vida, e, na grande maioria das vezes nem motivo de verdade tem. As pessoas se perdem. Elas permitem que isso aconteça. Elas alimentam a distância com seus medos, com seus “deixa pra lá”, ou “outra hora eu falo”. Os dias passam e não se fala, se cala.
Os assuntos vão sendo deixados de lado. As conversas que existiam todos os dias passam a ser raríssimas, isso quando não se tornam inexistentes. A intimidade que foi conquistada vai perdendo espaço até chegar ao ponto em que parecem dois estranhos que nunca se viram antes.
            Mas você conhece ela como ninguém. Sabe se ela está preocupada, se ela está com algum problema. Sabe o que a faz feliz, conhece o jeito dela sorrir. Você percebe quando ele está tenso, quando não quer falar sobre alguma coisa. Quando está com medo, quando finge não ver mas não pára de olhar.
            Ambos enxergam o que o outro sente. Evitam se olhar nos olhos. Evitam se falar. Evitam qualquer tipo de contato mesmo que distante, pois sabem que pode machucar. Ela não sabia que sentiria falta, ele não sabia que doeria tanto. Eles não sabiam que não iam se esquecer, mesmo com o tempo, mesmo com a distância, eles sabem que ainda existem um pro outro.

D.M.

Chutando o balde


Vou fazer isso sim, vou fazer isso agora porque me deu vontade e pronto
Não devo satisfação a ninguém, portanto, falo o que eu quero a hora que eu bem entender
As palavras são minhas, as consequências que elas irão gerar também
Se me der vontade de fazer vou lá e faço, a consciência é de quem mesmo?

É. Agora. Foi.
            
D.M.

Descomplicando

Às vezes eu fico pensando nos motivos que levam as pessoas a complicarem tanto as coisas que são tão simples. Tá, tudo bem, tá certo, algumas não são, mas a maioria sim e quando não é, dá pra simplificar bastante também.
            Você morre de vontade de falar com fulana. Sempre que sua janelinha sobe no MSN, você olha, abre a janela, pensa, repensa, ensaia um oi e fecha em seguida. Melhor não. E agora eu pergunto: por que não? Um simples oi irá será capaz de te comprometer? Não.
            A questão é sempre a mesma: é muito mais fácil fugir. É muito mais fácil ficar distante daquilo que se quer. Quando se tem medo do que se pode vir a sentir, ou não se sabe o que pode acontecer é melhor evitar.
            Medo. Sim. Ele que nos domina e nos faz deixar de fazer muitas coisas as quais temos vontade, que tempos depois darão lugar ao arrependimento. O medo vai passar e nossa mente se ocupará por um “se...” que jamais nos dará uma resposta concreta, verídica e convincente. São todas suposições. E essas não nos satisfazem. Falta convicção.
            Se falasse, o máximo que poderia acontecer seria a pessoa não te responder, mas aí você fez tua parte, não passou vontade e pronto. Fez o que queria ter feito. E, se ela responder, bem, podem começar um papo que pode render por horas e você não vai se arrepender de ter feito o que queria do mesmo jeito. Nos dois casos se ganha. Bom, pelo menos é isso que eu penso.

D.M.
Te amei e amei minha fantasia
amei de novo e amei nossa estreia
amei meu próprio amor e amei a tua audácia
te amei muito e pouco e comovidamente
amei a história construída, os ritose os porquês
te amei no invisível e no inaudível
amei no crível e no incrível
amei ser dona e te amei freguês
te amei e amei a farsa arquitetada
amei o nosso caso e amei a nossa casa
amei a mim, amei a ti, parti-me ao meio
te amei no profundo, no raso e com atraso
não era tua hora, não era minha vez...


M. M.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Hoje eu queria um abraço daqueles que te sufoca de tão apertado e ao mesmo tempo te protege de tudo.

B.M.
Mas não tinha o dom da palavra e não podia explicar o que sentia ou o que pensava, além de que pensava quase sem palavras.

C.L.